domingo, 25 de novembro de 2012

Se gritar pega ladrão... e a Graça de Jesus

   A antiga canção que entoava, "se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão, se gritar pega ladrão, ooôh, não fica um"; em muito pode nos ajudar a compreender a Graça de Deus que está em Jesus.
   Um olhar atento e verdadeiro ao anúncio do pecado conforme o sermão do monte de Jesus, que está no evangelho de Mateus capítulos 5 a 7, nos leva à verdade do tema da canção popular. Só nos resta mudar o refrão: "se gritar pega pecador, não fica um meu irmão; se gritar pecador... oooôhh...
   É verdaade, como diria a apresentadora da tv; e é mesmo. Pois, ao apresentar os pecados que nos tornam distantes de Deus, Jesus vai direto aos pontos, apresentando claramente os sentimentos e atitudes, situação de vida e valores que são a essência de quem somos no dia a dia. Somos pecadores!
   Logo no capítulo 5, verso 21 em diante, descobrimos que são ladrões, digo pecadores, os que ficam irados contra os irmãos e que os insultam em razão disso. Segue depois, que aqueles que olham para as mulheres com cobiça em seus corações, já adulteraram com elas, cometendo o pecado do sexto mandamento. Quanto ao divórcio, todo aquele que está divorciado, exceto em razão de traição sexual, em pecado de divórcio está. Aprendemos ainda, que todas as afirmações dúbias e complexas que fazemos no dia a dia, a fim de confundir as pessoas no engano de nossas atitudes e atos, escapando de assumir os maus pecadores que somos, também pecado são. Seja o nosso sim, sim e, o nosso não, que seja não. O que passar disso vem do Maligno, ensina Jesus. Não devemos resistir à situação de humilhação e dificuldade, mas permanecer junto ao que nos maltrata; quem sabe por mais uns 3 km. E o amor e a bondade que Deus tanto quer nos dar pra sentir perante as pessoas - pois só se sente amor perante o próximo, né; trata-se de um amor que, primeiramente, só não será pecado, mas sim virtude e vontade de Deus, se for para com os inimigos. Ai, ai, ai.
   Enfim, à luz dos ensinos de Jesus sobre quem somos e quais são nossos pecados; descobrimos que para toda a humanidade, se alguém gritar: "pega pecador...", não vai sobrar nenhum, meu "irmão". Seja a ira e o insulto, o adultério e o divórcio, as palavras dúbias e o engano, o orgulho e egoísmo, ou a bondade somente aos que nos fazem o bem, quando só amamos pra amor também receber. Todos estes atos, enfim, são pecados. E os praticantes, pecadores. Não há outro diagnóstico.
   Pecados nossos que fazem separação entre nós e Deus; e que são, certamente, sentimentos e atitudes constantes e até situações existenciais imutáveis de todos nós. Se a partir deles Deus gritar: pecadooôoor... Não fica um. Fui!
   Mas é aí que Deus envia Jesus - pra levar nossos pecados e nos oferecer o jeitão justo de Jesus viver junto do Altíssimo Deus. É a Graça de Deus aos homens, oferecida em Jesus, possibilitando que todos nós - os que cremos, ainda que constantemente pecadores, aproximemo-nos de Deus e ali bem perto fiquemos.
   É por isso que a primeira das bem-aventuranças é exatamente a pobreza de espírito. Reconhecer nossa miséria é o passo primeiro que nos permitirá receber as graças necessárias de Jesus para que sejamos, então, enriquecidos. Pois a Graça de Jesus é uma oferta para os desgraçados, miseráveis, pecadores, maus e falhos, ruins mesmo. Mas é Graça que somente se alcança quando se crê!
   E crer, no cristianismo, é, primeiro, se arrepender!
   O primeiro arrependimento é exatamente o tratamento mor do tema deste texto todo: o fato de que, somos todos, pecadores. Portanto, o primeiro e constante, contínuo e habitual, costumeiro e permanente arrependimento do pecador - é o arrependimento de ser "um rebelde em essência" diante de Deus.
   Não somos a favor, somos contra Deus. Assim nascemos e fomos concebidos. Arrependei-vos, portanto, da maneira como ora existem. Façam-se humildes de coração e pobres de espírito, a fim de que Deus os enriqueça em Jesus com virtudes e dádivas existenciais divinas.
   A primeira virtude é também o primeiro mandamento do cristão: Bem-aventurados os pobres de espírito, pois deles é o Reino dos céus. Os arrependimentos subsequentes que irão gerar virtudes de vida, acompanham a perspectiva humilde humilhante da primeira: bem aventurados os que choram (ao pecar) e também os humildes; os que tem sede de justiça e os misericordiosos (ao próximo); os puros de coração e os pacificadores; e, especialmente, bem aventurados os perseguidos por causa do evangelho. É isto!
   Os sentimentos e atitudes do cristão que vai nascendo no corpo e vida de todos nós, humanos pecadores, estão aqui mui bem descritos por Jesus, a fim de que não exista dúvida acerca da necessidade de deixarmos de seguir a nós mesmos (e ao maligno); buscando, realmente, andar agora perto do Altíssimo e único Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.
   Conclusão: "somos" todos pecadores. Alguns pecados aparecem de vez em quando e outros são situações habituais e imutáveis de nossa vida. Mas, somos todos pecadores. Diante da santidade e perfeição da vida de Deus, não há como permanecer engano sobre nossa distinção existencial. A morte é o único destino dos que separados de Deus vivem. Portanto, não invente, nem tente, não vai dar  pra encontrar Deus de um jeito diferente.
   Mas, sempre é possível encontrar Deus, na Graça de Jesus. Aliás, o único caminho, verdade e vida.
   A Graça de Jesus é um movimento de Deus que nos alcança enquanto somos e permanecemos pecadores - com todos estes pecados aí encima descritos. Somos todos pecadores. Porém, a Graça de Jesus "supera" a abundância dos pecados e nos leva pra perto de Deus. Aliás, não somente perto, mas pra viver junto d´Ele, no Espírito Santo. Maravilha.
   Agora então, junto do Espírito; nós pecadores iremos vivenciar novos tempos, a fim de irmos nos transformando em busca de uma renovação existencial. Os pecados vão sendo rejeitados e apagados e o Espírito vai santificando-nos. Eis a salvação, dos cristãos. Aqueles que creem!
   Creem no que?
   Que são pecadores. Que estão distantes de Deus. Que precisam se arrepender do jeito como são e vivem. Que precisam buscar a Deus. Que precisam ficar perto de Deus. E que, então, conhecerão a Deus - quando viverem junto d´Ele; o que só ocorre quando vivem "como" Ele. Afinal!
   Eis o projeto da Graça. Agora, pois, assuma a Graça. Envolva-se com Jesus. Encontre Deus.
   Reflexão: quanto aos cristãos líderes que são mais parecidos com os versículos 21 a 48 do capítulo 5 de Mateus, e pouco parecidos são com os versículos 3 a 12 do mesmo Mateus - acautelai-vos deles! Vide Mateus 7. 15 - 23.
   Conclusão graciosa: Assuma sua pecaminosidade. Invoque a Graça de Jesus. Aproxime-se de Deus... e Deus se aproximará de você. Submeta-se ao Senhor, e até o Maligno fugirá de vós.
   E se alguém gritar: Pega! Pega pecador.
   Não fuja. Apresente-se - humildemente, em nome de Jesus! Pois não há outro. Não há outro nome mesmo em quem possamos ser salvos! Mas neste, somos! É a Graça de Deus que está em Jesus - mas só para os pecadores, hein.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Evangelismo Calvinista



A doutrina calvinista da Soberania de Deus se apresenta em nosso cotidiano, também através da Providência divina, que pela Graça comum capacita a humanidade a gerar uma cultura para beneficiar a existência humana na terra. O reconhecimento deste governo divino na história enquanto origem potencial de edificação da cultura humana, oportuniza a compreensão de um debate de "aproximação" esclarecedor à Verdade de Jesus a partir da idolatria de todos. 

“O Calvinismo reconhece Deus no mundo: (...) colocando-se perante a face de Deus, ele tem honrado não apenas o homem por causa de sua semelhança à imagem divina, mas também o mundo como uma criação divina. Ao mesmo tempo o Calvinismo tem dado proeminência ao grande princípio de que há uma graça particular que opera a salvação e também uma graça comum pela qual Deus, mantendo a vida do mundo, suaviza a maldição que repousa sobre ele, suspende seu processo de corrupção, e assim permite o desenvolvimento de nossa vida sem obstáculos, na qual glorifica-se a Deus como criador.” (Abraham Kuyper, Calvinismo, editora cultura cristã, páginas 38, 39)

A afirmação de que a origem da criação e também do homem e sua cultura está em Deus, implica um olhar e relacionamento entre o cristão e o mundo terreno que é distinto da usual separação santo – maldito ou, religioso – secular que nos apresenta a perspectiva romana e evangélica comuns.

No livro, Calvino e sua influência no mundo ocidental (Cultura Cristã), explica Knudsen: "(...) para Calvino, diferentemente do que ocorria com outros líderes da Reforma, não existe dicotomia básica entre o Evangelho e o mundo, entre o Evangelho e a cultura...” (o Calvinismo como uma força cultural, artigo). Conclue, ainda, Kuyper: “(...) E para nossa relação com o mundo: o reconhecimento que no mundo inteiro a maldição é restringida pela graça, que a vida no mundo deve ser honrada em sua independência, e que devemos, em cada campo, descobrir os tesouros e desenvolver as potências ocultas por Deus na natureza e na vida humana.” (Calvinismo, p 40)

Pensando pra evangelizar, podemos refletir que o mundo dos homens não deve ser já declarado condenado pelo pecado que nele há; nem também a cultura que nele revela o agir humano deve ser afirmada inicialmente maldita. Isto porque nem o mundo  criado por Deus e nem a cultura gerada pelo homem, originaram do pecado.

Ao contrário, a natureza e a capacidade do homem de existir e gerar cultura tem origem na “mão” de Deus. A partir deste princípio é possível afirmar que até a busca do religioso e as construções humanas de relacionamento místico tem base original na Pessoa de Deus Pai. Pois a capacidade do homem de empreender artes e conhecimentos, ainda que em direções contrárias a Deus, não deixa de ser um dom comunitário divino à humanidade. Calvino: “Sabemos, sem nenhuma dúvida, que no espírito humano há, por inclinação natural, certo senso da Divindade (...) Até a idolatria no serve de grande argumento em favor desta ideia. Porque sabemos quanto o homem tem se humilhado, contra si mesmo, e em seu detrimento tem prestado honra a outras criaturas (...) Logo, os próprios ímpios nos servem de exemplo de que algum conhecimento sobre Deus existe universalmente no coração dos homens.” (Institutas, vol 1 cap 1, o conhecimento de Deus, p 57 – 59)

Portanto, os princípios doutrinários calvinistas da Soberania de Deus – Providência divina – Graça Comum, direcionam a reflexão e o desenvolvimento pela Igreja de Jesus de um evangelismo natural e espontâneo; pois evangelismo que relaciona a cultura do homem àquele que a criou, Deus Pai. A espontaneidade e naturalidade estão no fato de que o “evangelismo” deverá integrar e aproximar o homem a Deus, servindo-se exatamente das obras da cultura humana. Pois, ainda que observadas distantes e contrárias a Ele, permanecem um potencial divino dado à existência humana na Terra.
Esta surpreendente integração da cultura humana, até idólatra, à verdade revelada que afirma ser Deus o senhor de toda existência humana, surge em análise da missão paulina na Atenas do primeiro século. (Atos 17) Neste texto acompanhamos o evangelista Lucas apresentar o relato dos diálogos que foram base do anúncio do evangelho de Jesus aos homens naquela localidade idólatra.
Neste propósito, Iniciamos meditação acerca do evangelismo em Atenas percebendo como o apóstolo, prontamente se dirige ao centro urbano repleto de deuses, para vê-los tanto em locais públicos e comerciais como ainda em santuários diversos. Logo depois está envolvido em bate papo diário com os supersticiosos e religiosos múltiplos, a fim de aprofundar-se nas novidades. Desenvolve, mais tarde, relacionamento com os que só desejam a felicidade sensual ou junto dos que acreditam na mãe natureza e num deus que se confunde com a criação.

Ainda junto a Paulo, aproveitamos pra conhecer os fiscais de ensino das novas religiões, e isto lá no centro de debates alternativos idólatras, o areópago. E lá mesmo observamos o anúncio que faz acerca de Deus Pai, citando-o a partir de existência conjunta no altar dos doze deuses, aproveitando pra direcionar ao Senhor de Israel os louvores a zeus, conforme cantavam os poetas gregos Epimênides e Arato.
Nesta breve análise, devemos reconhecer que a prática evangelística do Apóstolo Paulo não se permite governar a partir do princípio que pressupõe a condenação da cultura do homem, como pressuposto de valorização da cultura do evangelho. Distintamente, pode-se propor um diálogo que bem relaciona a cultura existente à sua origem e propósito. Tal princípio notamos na experiência paulina em Atenas, posto que o raciocínio do apóstolo apresenta o evangelho integrando-o à cultura humana, exatamente afirmando que a origem desta tanto está em Deus quanto debaixo de seu governo permanece; mesmo quando a enxergamos já mui corrompida.  

Finalmente, como o propósito do Evangelho de Jesus é restauração de tudo que há e salvação de todo que crê, é preciso concluir o processo relacional de aproximação entre cultura do homem e o propósito original de Deus.

Assim esclarece Knudsen (p 14) quando expõe o entendimento calvinista:  “ (...) ao mesmo tempo, ele (Calvino) não aceitava simplesmente, sem critica, as realizações do gênio humano. Sua atitude exigia que tais realizações fossem analisadas quanto às razões que as inspiravam, pois deviam estar sujeitas aos preceitos de Cristo.” Calvino: “Ora, se todos nós nascemos com este propósito de conhecer a Deus (...) ficará manifesto que os que não dirigem a essa meta todas as cogitações e ações de sua vida declinarão e serão abatidos da ordem da criação. Isso não foi ignorado nem pelos filósofos, pois outra coisa não entendeu Platão, tendo ele ensinado muitas vezes que o supremo bem da alma é a semelhança com Deus (..) Igualmente Grilo argumenta com grande sabedoria em Plutarco, afirmando que se a religião fosse eliminada da vida dos homens, eles não somente deixariam de ter qualquer excelência acima dos animais irracionais, mas também de muitas maneiras viriam a ser muito mais miseráveis.” (Institutas, p 62)

E nesta busca do propósito reto que somente a redenção divina promete e alcança, Paulo esclareceu aos estoicos que o Deus de Israel não era mãe natureza, mas sim, o Criador de tudo que existe. Também anunciou, tanto aos estoicos que concebiam um deus criador e ora ocioso, quanto aos epicureus que viam a vida e destino enquanto obra do acaso; que foi Deus Pai mesmo quem planejou e agora governa os tempos e lugares da existência da humanidade. Para que em tempo oportuno sejam por Jesus, encontrados, “bem que não está longe de cada um de nós”, diz Paulo.

E conforme a pastoral tradução bíblica de Eugene Peterson: “o desconhecido é agora conhecido e está pedindo uma mudança radical de vida. Ele estabeleceu um dia em que toda a raça humana será julgada, e tudo será acertado. Também já indicou o juiz, confirmando-o diante de todos quando o ressuscitou dos mortos.” (Atos 17.31)

Enfim, o estudo do evangelismo ministrado por Paulo e o conhecimento das calvinistas doutrinas apresentadas, indicam-nos um princípio de anúncio do evangelho que precisa se unir aos outros, também bíblicos que já conhecemos.

A postura do apóstolo Paulo ao anunciar o evangelho integrando-o à cultura humana sob os auspícios do agir Soberano do Deus Criador, propõe uma palavra de redenção pela aproximação ao invés de palavra de condenação pelo desprezo.

     É preciso reconhecer que sentimentos e valores, atos e conhecimentos do homem, sua cultura neste mundo - mesmo que ora contrários a Deus, também d´Ele surgiram enquanto possibilidade e potencia. Esta verdade acerca de toda vida que há na terra é fundamento, tanto de absoluta humildade a todos os homens, quanto de um evangelismo mais espontâneo e natural; pois o anúncio da redenção irá indicar prontamente um retorno do que ora somos ao que originalmente éramos: filhos de Deus Pai!
Foi este o evangelismo de Deus Pai enviando Jesus ao planeta dos homens e igualmente o evangelismo do apóstolo Paulo visitando Atenas da Grécia. E até João Calvino percebeu, tanto que a complexa, mas didática doutrina da Soberania de Deus ele concebeu; orientando-nos a partir do conhecimento da providência divina e graça comum dada aos homens, como tudo que há e existe está mais perto do Senhor do Universo do que ora cremos.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O Dia de Ação de Graças


O Dia mundial de Ação de Graças é o feriado mais importante dos Estados Unidos da América, abrindo os festejos do Natal através de reuniões familiares com o propósito de celebrar as conquistas de mais um ano de existência da nação.
A primeira celebração de gratidão a Deus pela providência divina ocorreu em 1621, na cidade de Plymouth, Massachusetts, em festa da colheita do outono que uniu os colonos ingleses aos índios da tribo Wampanoag – os quais, felizes pelo convite, levaram alimentos em gratidão aos peregrinos. 
Os migrantes ingleses chegaram à América no ano de 1620, em número aproximado de 110 colonos, sendo que pouco mais da metade sobreviveu ao primeiro inverno rigoroso. Após as dificuldades da colheita do primeiro ano os peregrinos protestantes conquistaram boa safra no ano seguinte, verão de 1621, contando com a ajuda agrícola dos indígenas locais. A liderança da comunidade orientou assim uma celebração em gratidão a Deus, originando a partir daí o Dia de Ação de Graças – Thanksgiving Day. Celebração que se repetiu nos anos seguintes, tornando-se igualmente comum em outras colônias da região. O presidente George Washington declarou o dia 26 de novembro como Dia nacional de Ação de Graças e, em 1863, o presidente Lincoln ordenou a festa para a última quinta-f do mês; até que o Congresso dos Estados Unidos da América determinou a criação do feriado nacional a ser comemorado sempre na quarta quinta-f do mês de novembro.
É preciso recordar que festivais de colheita eram tradicionais no mundo conhecido à época e desde sempre os cidadãos do leste europeu festejavam nestes moldes suas datas especiais. Os cidadãos do Reino Unido celebravam boas colheitas de trigo, cancelando a festa em tempos ruins. Em meio a este contexto, os protestantes ingleses desenvolveram o costume de organizar datas específicas de gratidão a Deus por bênçãos recebidas, normalmente em tempos de crise e logo ao chegar de dias melhores. Inicialmente celebrações comunitárias, estas festividades do outono na Inglaterra traziam consigo o hábito da entrega de cestas cheias de alimentos a fim de simbolizar a fartura das colheitas recebidas.
Hoje em dia os norte-americanos aproveitam o feriado para reunir familiares e amigos, a fim de celebrar com pratos típicos mais um ano de conquistas, a partir, principalmente da Ceia do peru; sendo que no ano de 2001, quase 90 milhões foram ceados nos USA.
Dentro deste contexto histórico, é comum aos norte-americanos festejar o Dia de Ação de Graças recordando em orações os peregrinos que iniciaram a celebração na América. Trata-se do grupo de protestantes conservadores calvinistas ingleses – os puritanos, em boa parte agricultores que deixaram a Europa devido à cultura considerada mui deturpada; indo em busca de criar na América uma sociedade pautada somente em preceitos das Escrituras.
Esta celebração de origem cristã a partir de solo norte-americano é festejada em todo o mundo como oportunidade internacional de gratidão, sendo também o momento de voltar-se a Deus enquanto doador da vida e ao próximo pela amizade e fraternidade. Este internacional Dia de Ação de Graças foi instituído em nosso país pelo presidente Gaspar Dutra no ano de 1949, por sugestão do embaixador Joaquim Nabuco; tornando-se uma data festiva especialmente nas igrejas e universidades confessionais, além de famílias de origem norte-americana.
Os cristãos, protestantes ou não, precisam melhor conhecer esta festa e mais apropriadamente festeja-la, posto que o antigo Israel de Deus tornou-se conhecido pelo entusiasmo e temor com que celebrava perante o Senhor as bênçãos constantemente recebidas da mão divina. O anúncio ousado e público afirmando o cuidado constante de Deus sobre a vida dos homens na Terra cabe mais aos cristãos do que a outrem.  
Bem sabemos que o Deus Pai soberano governa pela sua Providência as nossas vidas, ofertando-nos tudo que precisamos e ainda, no tempo devido e necessário: “Portanto, sempre que falamos de Deus como o Criador do céu e da terra, lembremo-nos que Ele retém o domínio de todas as obras das Suas mãos, e que nós somos Seus filhos, os quais Ele se empenhou em nutrir, sustentar e proteger.” (João Calvino, As Institutas da Religião Cristã)
A partir desta realidade do Governo bondoso do Senhor sobre nós na história, voltamo-nos a Ele com gratidão e louvores em celebrações e festejos e, neste propósito, o Dia de Ação de Graças é oportunidade ímpar – Bendito seja o nome do Senhor!
Essencialmente, uma reflexão fundamental aos cristãos assim que buscam Ações de Graças apropriadas a Deus, surge da percepção que o maior ato de gratidão esta exatamente em uma integral consagração como servos do Senhor Jesus. Precisa ser uma entrega em espírito e em verdade – com o lado de dentro. É preciso amar a Deus de todo coração – sentimento; de toda alma – vontades e interesse e, de todo entendimento – nosso pensar e imaginar. Tudo que somos, enfim, precisa “ser” de Deus.
Eis a perfeita atitude de “ação de graças” dos homens para com Deus. Nada mais e também, nada menos do que a convocação paulina em Romanos 12.1: “Ofereçam-se a Deus como um sacrifício vivo...”. O motivo para que todos nos tornemos propriedade de Deus é a inigualável misericórdia do Senhor do Universo, que fez recair a nossa morte sobre Cristo a fim de que pudéssemos receber d´Ele a Vida Eterna. Aleluia!
Eis o verdadeiro culto racional e inteligente, pois ao assumir o senhorio de Jesus sobre tudo que fazemos de segunda a segunda, podemos viver integralmente a vida completa que o Senhor nos provê - dádiva mor aos que creem. E assim nascem os cristãos, pois tornam-se seres de Deus em amor, pois a partir do reconhecimento grato das bondades recebidas. 
Em tempo: consagre-se mais a Deus. Viva sua vida semanal perante Ele. Seja, enfim, um bom cristão de Deus Pai – o verdadeiro doador de toda a Vida...  atual e eterna. E feliz Dia de Ação de Graças! 


Fontes:
thanksgivinday – o dia de ação de graças. 

sábado, 3 de novembro de 2012

Ser Igreja - O Maior no Reino dos Céus

     O capítulo 18 de Mateus ensina uma só mensagem. Aliás, prestando boa atenção aos evangelhos, parece que somente uma leitura integral dos mesmos trará bom entendimento. Mas, não vamos complicar. Então, meditemos: o maior neste reinado de Jesus que avança pela terra como fermento a dominar o bolo dentro do forno, precisa antes, entrar no Reino. E aí, pra isto ocorrer, precisa agir como uma criança. Dependente e crente, confiante e entregue, grata e satisfeita pelo convite pra tomar sorvete numa tarde quente de verão.

     E logo após entrar, poderá, enfim, buscar seu lugar entre os maiorais.  Os maiorais são os que não somente agem como crianças diante do Pai, mas, tornam-se humildes como servos. Humildade como aquela de Jesus, que mesmo sendo Deus, não levou em conta este fato e fez-se homem e, depois, escravo dos homens. Eis a diferença dos reinos e a diferença dos maiorais dos reinos. Pois os maiorais de Jesus não são como os maiorais dos reinos sem Jesus, sejam impérios romanos ou norte-americanos. Não mesmo! Pois não irão dominar sobre seus pequenos, nem deles dispor sem atentar para o que fazem e acontecem encima deles. Enfim, os maiorais no governo dos humanos de Jesus são os que se dispõe ao sacrifício pessoal, a fim de que jamais atrapalhem ou desorientem os pequeninos do Reino. Cuidam para não ferir a consciência deles, como bem lhes avisou o mestre.

     Ai daqueles por quem entram os pecados na igreja - e pior, afastando e mal acostumando os pequeninos aprendizes de Jesus. Cuidado, não desprezem nenhuma das crianças de Deus. Ao contrário, vão em busca delas, onde e como estiverem. Por isso mesmo, após entrar no império do seu amor e também buscar um lugar entre seus maiorais, os seguidores de Jesus precisam, agora, treinar e amadurecer... na humildade - o valor maior dos maiorais daquele que é o maior. São chamados a buscar os afastados e perdidos, os desenganados e desprezados, os julgados e condenados - especialmente aqueles sobre quem a justiça foi feita com correção e verdade. É sério. Isto porque, os maiorais do reino de Jesus precisam, vez ou outra, servir-se da humildade dos espirituais pra avisar aos pecadores os seus pecados. Devem procura-los e avisar do pecado. E aí, se ouvidos forem, podem ganhar o irmão para a intensidade do Reino da verdade.

     Mas, se não forem ouvidos, então os maiorais se reúnem em dois ou três e afirmam ao pecador rebelde e desobediente que, sim, ele é considerado um pecador rebelde e desobediente diante de Deus. Afaste-se  de Deus e dos seus, avisam-no os maiorias. E o próprio Jesus confirmará a sentença, pois estará no meio dos dois ou três maiorais que cuidam - bem, do Reino. Finalizando o processo e a caminhada, os maiorais humildes do reino irão deixar as noventa e nove amizades da igreja lá na igreja, e vão atrás daqueles que, provavelmente foram afastados justamente - mas agora, são chamados a voltar. Também justamente - pela Justiça de Jesus. Isto depois de comerem o pão que o outro amassou. Mas agora, lhes será oportunizado pelos maiorais do Reino, o Pão do céu. Graça!

     Os maiorais fazem assim porque entraram no reino como crianças, aprendendo tudo de Jesus e agindo como Ele em tudo; e, também, porque são humildes o bastante pra abandonar qualquer orgulho ou honra pessoal perante os pecados e pecadores deste mundo. Principalmente até, perante os pecadores que contra eles próprios pecaram. Perdoem-nos, logo, diz o Senhor. Pois assim faz o Pai de vocês que está nos céus. O Deus Pai vive pra perdoar e se aproxima de tudo e de todos, ofertando perdão, pra ver se consegue ao menos ganhar alguns para o Reino do seu Filho. Pois o Deus Pai cuida do Reino - e as pessoas é que são o Reino! Jesus também cuida. Os maiorais de Jesus também cuidam. Eis o ensino único de Mateus 18: Cuidem do Reino de Jesus - suas pessoas!

   

sábado, 20 de outubro de 2012

Reforma Protestante - Doutrinas comuns

          No dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero publicou as teses iniciais do que se tornaria historicamente o movimento cristão da Reforma Protestante. Junto de Lutero, igualmente Melanchton, Zuínglio, Ecolampádio, Bucer e Calvino desenvolveram as doutrinas que se tornariam o fundamento teológico do retorno do Cristianismo à Bíblia e a Jesus, o Cristo. Foi um momento maravilhoso da História!

          Desde o tema mor da Reforma - a Justificação pela Fé em Jesus para a Salvação dos crentes, os teólogos do movimento buscaram ensinar a verdade e propósito de Deus Pai para os "novos" cristãos e igrejas, no interesse de solidificar a redescoberta da Fé Cristã e igualmente sua vivência e anúncio ao mundo.

          Desde o tema da Justificação pela fé e o critério desta - a Bíblia, desenvolvendo a Oração e ainda a Pessoa de Deus: Amoroso, Trino, Santo, Onipotente, Providente e Vitorioso, meditando também acerca da Igreja de Jesus e dos Meios da Graça; os teólogos da Reforma não deixaram de anunciar o pensamento de Deus para qualquer tema ou questão que diante de seus olhos se punha. Ensinaram ao mundo tudo que Deus revela acerca de tudo que os homens vivem, e cobravam-se o desafio constante de manterem-se fiéis ao ensino inspirado das Escrituras. Ainda que certas divergências de pensamento os acompanham-se.

          O tema da autoridade da Igreja, por exemplo, obtinha tanto a visão de Lutero de existir em mãos dos chefes da igreja; quanto, também, recebia de Calvino e Bucer a perspectiva do sacerdócio universal que gera líderes democraticamente instalados. Trata-se da autoridade administrativa da Igreja, e, especificamente, uma autoridade limitada. Pois enquanto esta autoridade administrativa eclesial é uma liderança representativa dos desígnios de Deus, seja pelas mãos de teólogos, chefes de Estado ou crentes comuns, jamais foi esta autoridade pensada absolutamente - a Autoridade final e maior, única, deve ser a Palavra de Deus. Ponto.

          Especialmente, próximos de celebrar os 500 (quinhentos) anos da Reforma, cabe lembrar e anunciar os valores teológicos comuns aos Reformadores, posto que evidenciam a base de uma Igreja evangélica que tanto agrada a Deus quanto igualmente se faz eficaz no evangelismo de Jesus. Para os Reformadores, a Igreja verdadeira é a Igreja Invisível de Jesus, que se infla pelo mundo a partir do testemunho da Palavra - jamais é a igreja limitada fisicamente por nossa visível administração denominacional.

          Esta Igreja verdadeira é aquela gerada pelo Espírito, que confirma no interior das almas humanas o testemunho salvador do evangelho de Jesus. Consequente a estes fundamentos, os Reformadores uniram o testemunho dos crentes e o Ensino da Bíblia - Ministério da Palavra, a fim de preservar a Fé e resguardar real unidade ao Corpo de Cristo, a Igreja. Finalizando esta perspectiva una, temos o Amor e o Serviço ao próximo enquanto valor cristão básico, que deve gerar em todo cristão o desafio de uma atuação genérica em todo o mundo - a partir do ensino de Deus. Seja na família ou trabalho, cidadania social ou política, e ainda na comunidade religiosa, a Igreja e os cristãos existem para servir.

          Que estes excelentes valores bíblicos de unidade e serviço da verdadeira Igreja de Cristo, que um dia se tornaram valor comum aos excepcionais teólogos da Reforma, tornem-se também aos cristãos deste século iniciante, valores honrados de uma igual vivência evangélica. Que assim façamos, tanto em respeito aos Reformadores, mas, especialmente, em adoração e serviço a Deus - Pai, Filho e Espírito Santo. Feliz celebração da Reforma Protestante neste 31 de Outubro.


(fonte: Strohl, Henri - Pensamento da Reforma, Aste)



       

domingo, 7 de outubro de 2012

História e Eclesiologia - Reformar é necessário!


                Outubro é o mês da Reforma Protestante. Todos os cristãos evangélicos e suas denominações encontram origens ou influências fundamentais de sua organização neste movimento do Cristianismo. No dia 31 de outubro de 1517 o monge católico Martinho Lutero apresentou à aldeia alemã de Wittenberg suas noventa e cinco (95) teses, contrárias às indulgências que a Igreja Católica ministrava, e vendia, prometendo perdão de pecados e terrenos no Céu. A Igreja Católica Romana não aceitou as considerações do teólogo e houve necessidade do surgimento de nova igreja que, na Alemanha, assumiu-se como igreja Luterana.
                Na vizinha Suiça e a partir da liderança de Úlrico Zuínglio moveu-se a partir da cidade de Zurique o desenvolvimento do que ficou conhecido como Segunda Reforma, cujo propósito avançou os ideais inicias luteranos de uma reforma parcial para o princípio que determinava a reforma completa da Igreja cristã. Os grupos que iriam se denominar de reformados somente iriam assumir práticas e ensinos que a Bíblia objetivamente determinasse enquanto valor e doutrina cristãos.
                João Calvino revelou-se o líder e teólogo profundo e amplo que a nova Igreja requeria a fim de que suas fundações teológicas propiciassem base e rumo aos novos tempos que o horizonte de Deus governava à Igreja de Cristo na terra. A partir de 1532 e até sua morte em 1564, o teólogo mor da Reforma Protestante escreveu as Institutas da Fé Cristã e promoveu na cidade de Genebra uma experiência cristã na sociedade poucas vezes experimentada. Organizou também a Universidade de Genebra que se tornou em celeiro de líderes, a partir da formação teológica ministrada aos cristãos do novo movimento que de toda Europa buscavam nos pensamentos de Calvino essência e vivência à edificação da nascente Igreja Reformada.
                A Igreja Protestante em seu movimento reformado avançou pela França e Alemanha, leste europeu e Ilhas Britânicas. A chegada da igreja reformada ao Reino Unido fez nascer a Igreja Presbiteriana, exatamente quando os reformados escoceses promoveram uma administração da igreja cuja liderança faz-se de representantes das congregações, os presbíteros, daí surgindo o nome igreja presbiteriana. John Knox tornou-se o líder reformado desta presbiteriana organização eclesial, exatamente após concluir estudos teológicos em Genebra junto a João Calvino.  Igualmente na Inglaterra, o movimento dos puritanos desenvolvia princípios reformados em meio a situações históricas de grande tensão junto à Coroa inglesa.
                A Igreja Protestante, de pensamento reformado, com organização eclesial presbiteriana tomará forma nos Estados Unidos da América através dos escoceses-irlandeses, que adentrarão localidades diversas, e, no que historicamente importa à Igreja Presbiteriana do Brasil, na cidade da Pensylvania.  Isto porque dela virá, em 1859 o Reverendo Ashbel Green Simonton, missionário fundador da Igreja Presbiteriana do Brasil, após envio ao nosso país pela Junta de Missões Estrangeiras da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos. Eis parte essencial da história da Reforma Protestante e igualmente da inserção da Igreja Presbiteriana na mesma. 
                Hoje, próximos de celebrar 500 anos da Reforma Protestante (ano 2017), todas as igrejas evangélicas e especialmente a calvinista Igreja Presbiteriana do Brasil, precisam recordar e semear o desejo e princípio inspirador das lideranças reformadas de cinco (5) séculos atrás. Trata-se do nobre valor observado nos crentes de Beréia, livro de Atos capítulo dezessete (17), que a cada ensino ministrado pelo Apóstolo Paulo, examinavam “as Escrituras para ver se tudo era assim mesmo”. Valor que às igrejas reconhecidas ao movimento da Reforma se fez lema eclesial através da purificadora frase: “Uma igreja reformada sempre se reformando”. Ou, como dizia João Calvino, reformar é necessário. E sempre e fundamentalmente, a partir da Palavra única de Deus, Bíblia. 
                Neste sentido, voltamo-nos à Bíblia e encontramos a celebrada Igreja de Colossos, a fim de assumi-la como projeto de Igreja Cristã digna de nos conduzir no lema "igreja reformada sempre se reformando". Nesta inspirada carta devemos nos examinar, como bereanos nobres que sempre nos reformando seremos, a fim de perceber a razão da gratidão de Paulo a Deus pela vivência comunitária dos colossenses. Tal análise nos dará bom padrão divino eclesial e irá nos prover virtudes e vivências coerentes à vontade de Deus Pai e ao senhorio do Jesus para a edificação da Noiva do Senhor. 
                No capítulo primeiro aprende-se que os cristãos precisam crescer na Fé em Jesus e no Amor pelos irmãos da Igreja, e isto em razão da esperança a eles reservada nos céus. Esperança que é promessa do Evangelho, este que, muito fruto dá quando as pessoas ouvem e compreendem a verdadeira Graça de Deus nele ministrada.
No capítulo dois (2) descobrimos que é preciso bem conhecer o mistério de Deus, Cristo, a fim de conseguir experimentar esta nova maneira de existir hoje que tem Jesus por modelo e padrão, pois nele habita toda a plenitude de Deus destinada à humanidade. Ele é o Cabeça pensante e a liderança principal da Igreja de Deus Pai. 
 O capítulo terceiro inicia pelo desafio aos cristãos para que vivam em seu cotidiano pela fé. Fé que os convoca a viver não por seus particulares padrões, mas sim, buscando o estilo de vida dos céus que vimos em Cristo, com sentimentos diversos pra vivenciarmos uns aos outros: compaixão e bondade, humildade, mansidão e paciência; e o desejo de suportar uns aos outros perdoando continuamente assim como nos faz Jesus.
No quarto e último capítulo, Paulo descreve incrível experiência e especial ferramenta da fé cristã. Oração e mais oração, diz ele. Devemos orar por oportunidades pra falar de Cristo e orar para que os cristãos aqui e em missão distante tenham liberdade de anunciar o Evangelho. E que sejamos, enfim e sempre, sábios em declarar uma palavra agradável e temperada, a fim de levar o sabor do evangelho onde estivermos.
Portanto, cristãos protestantes evangélicos, eis um programa eclesial à igreja que deve ser por padrão analítico de nossa vivência enquanto Igreja Reformada - sempre se reformando, neste início do século 21. As experiências de Fé e Amor que são a razão de gratidão a Deus pelo líder Saulo precisam, enquanto observação da vida congregacional dos colossenses, tornar-se igualmente o nosso fim e meio – alvo e vivência, enquanto existência denominacional organizada como Corpo de Cristo hoje. Não se pode desprezar o valor nobre dos cristãos de Beréia ou o lema mor dos Protestantes de sempre, deixando assim de avaliar à luz da Bíblia o que somos e esperamos enquanto Igreja Cristã nesta época ímpar do Cristianismo. O resultado e risco é tanto a experiência de desaparecer como a igreja cristã da Europa ou muito enfraquecer igualmente ao cristianismo norte-americano atual.
Finalizando, enquanto os quinhentos (500) anos da Reforma Protestante se avizinham, surge igualmente no horizonte a força de valores convencionais religiosos se consolidarem como regra de fé e prática – assim como os ensinos e práticas que desorientaram o Cristianismo europeu e estado-unidense. Porém, a solução está próxima e perto. Os cristãos de Beréia e também os líderes da Reforma apontam-na decisivamente: a Palavra de Deus precisa ser o Programa e Projeto das verdadeiras Igrejas de Jesus Cristo! E isto, de segunda-f à segunda-feira. Não há razão para reuniões e atividades, ensinos e práticas, que não aqueles que produzam no meio do Corpo de Cristo somente as virtudes essenciais da Igreja de Jesus. Que Igreja é esta? Quais suas atividades semanais e dominicais? Ao tema iremos, pois. Paz de Cristo.

Fontes de pesquisa:
 (site da IPB - história da Igreja Presbiteriana, texto do historiador, Rev. Alderi Souza de Matos)
(site – berearepreciso.blogspot.com )

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Ser Cristão - A circuncisão do Espírito

    O apóstolo Paulo declara enfaticamente que "nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos pelo Espírito de Deus..." (Filipenses 3.3). Trata-se de forte afirmação, pois esta aliança escrita na alma cristã  pelo Espírito de Deus é a que renega compromissos originários de humana dedicação - mesmo a que amparada nos mais nobres valores religiosos, conforme os versos 5 e 6.

    A questão refere-se ao que garante nossa Fé em Deus. Então: de que maneira a experimentamos no dia a dia? Qual a origem e essência da força que nos faz comprometidos com o Senhor? Como, em suma, olhamos para nós mesmos e sabemos que "somos" de Deus Pai? Todo cristão reconhece que é pelos frutos que serão conhecidos os discípulos. Mas de tão simples e divino, este básico ensino parece não adentrar nossas almas, tal como as parábolas que serviam tanto para ensinar quanto iludir - revelando dificuldades e cegueiras, afinal.

    Mas o que até então era lucro ao mais eficaz e maravilhoso religioso de todos os tempos, agora tornou-se esterco - para poder ganhar Cristo. (v. 8) Declamar no livro de Deus que considera os mais santos mandamentos obedecidos em humana dedicação, "de esterco", certamente não é expressão que Paulo diria sem necessidade. Há algo em nossa honra humana, e que gera obediência a mandamentos religiosos e regras institucionais que, certamente, não cheira nada bem pra Deus - sem trocadilhos. Quase.

    O fato é que este RELACIONAMENTO com Deus - no Espírito, que vem mediante a fé em Cristo; traz, ao menos, três mandamentos de obediência: a) Conhecer a Cristo; b) O poder de sua ressurreição; c) A participação em seus sofrimentos. Eis então, argumentos mais complexos que os descomplicados frutos do Espírito, a fim de revelar a todo aquele que teme a Deus, "em que pé" afinal, anda sua fé. Pois até os judeus temiam a Deus, porém sem o entendimento de que é Cristo e não a obediência regimental o caminho e a caminhada de Deus Pai.

    Paulo finaliza sua grave explanação no humilde reconhecimento de que ainda não está aperfeiçoado nesta caminhada, conquanto na obediência legalista fosse já mestre e senhor. Motiva, agora, seus filhos espirituais para que hoje, e sempre, permaneçam prosseguindo para a Pessoa de Cristo, vivendo - ao menos,  o que já sabem de Jesus até o momento. Obviamente, o que já sabem de Jesus ao pensar e sentir como Ele; ao ver e ouvir como Ele; ao falar e agir como Ele - pois a única forma de algo dEle saber. É este o item dois dos mandamentos do Espírito: o poder da Ressurreição. A capacidade de viver com(o) Filho de Deus.

   E a participação em seus Sofrimentos? Vamos neste orar e meditar pouco mais, mesmo já o conhecendo, ainda que pouco, posto que desta experiencia muitas vezes nos afastamos, nela apenas sobrevivendo, rápida e superficialmente. Fato que atrapalha a vivência do item primeiro: conhecer a Cristo. Por ora, assuma estes novos mandamentos como padrão de aferição de sua vida cristã. Tome sobre si o jugo suave e o fardo leve da vivência da fé na Pessoa de Jesus. Desenvolva a circuncisão da Espírito. É melhor iniciar hoje na fé em Cristo e no viver o Espírito - junto a Deus Pai; do que permanecer em anos e décadas de obediência amparados em simplório temor religioso - não cristão. Afinal, o próprio Paulo considerou décadas de temor religioso como esterco. Por que não nós?

 

 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Ser Cristão - Jesus e Oração

Obediência e Mandamentos, ou Oração e Jesus?
Eis um dilema (duplo) fundamental que a igreja cristã precisa refletir, e resolver.
Uma básica e cotidiana vivência na comunhão conduzida pelas igrejas protestantes históricas irá demonstrar o forte valor dos Dez mandamentos - não matar ou cobiçar e não manter ídolos ou lhes prestar culto; para que a adoração a Deus seja considerada legítima, e boa. Igualmente, a obediência ritual e o compromisso trabalhista religioso são considerados paradigmas da fé salvífica. Neste processo, vemos crescer o legalismo religioso intra-muros na igreja local, restando-nos apenas defender a pureza doutrinária histórica.
O Cristianismo é distinto disso tudo. Ao invés dos Dez mandamentos enquanto projeto de avaliação de nossa "justiça" e comunhão com Deus, surge Jesus. Nosso alvo é uma pessoa - n`Ele estava a vida dos homens. Pois o julgamento será este: que a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas. Pois suas obras eram más e ninguém se aproxima de Jesus pra que não apareça quem realmente somos. O mundo já está julgado - e não serão Dez ou cinco mandamentos que nos darão segurança na volta de Jesus. Somente Jesus mesmo dará segurança. E Jesus não vive os 10 mandamentos, ou cinco. Ele vive... o Sermão do Monte. É preciso nascer de novo, Nicodemos.
Enquanto nos aproximamos de Deus através da prática de Dez ou 5 mandamentos - erro, ainda consideramos que a dedicação ritual aos valores denominacionais da igreja local, nos serão por componente de valoração de nossa fé - salvadora? Grave engano.
A Fé que salva tem a ver com crer e praticar a mediação de Jesus no relacionamento com Deus - Espírito, que é o que nos transforma e portanto regenera! E parece que não sabemos porque orar, já que Deus tudo sabe. Mas, é simples: oramos porque somente conseguimos o Reino pela Fé, não obras. E oração é fé. Pois pedimos o que não vemos enquanto aguardamos convictos. Eis como conseguimos que Venha o Reino e seja feita a Vontade Deus -a  nossa aguardada Vida cristã: é pela Oração. Fé! Não por obras.
E é através da Oração que é Fé que somos salvos, não na obediência obreira aos mandamentos de Moisés ou às regras organizacionais. Não mesmo! Só há salvação na Pessoa de Jesus, que somente seguimos quando n`Ele vivemos nosso dia a dia, orando - por isso mesmo e cotidianamente, o Pai Nosso. Alcançando assim pela fé, o que não temos nem somos: Justiça e Justos de Deus!
Jesus e Oração. Eis o Cristianismo. Eis a Igreja que se move, sempre se reformando.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Evangelismo - uma Arte perdida.


                Quando pretende anunciar que Deus está em Jesus e que Jesus é quem leva os homens pra Deus – ou seja, evangelizar; Paulo pede orações: “Orem para que eu possa manifesta-lo abertamente, como me cumpre fazê-lo.” (Col 4.4) E na tradução pastoral de Eugene Peterson, notamos – Orem para que toda vez que eu abrir a boca consiga tornar Cristo conhecido para eles.  Aprendemos aqui que a arte perdida do evangelismo se relaciona diretamente a estarmos perdidos diante de quem efetivamente realiza Evangelismo - Deus, o Pai, Filho e Espírito Santo. 
                Os cristãos já não andam precisando tanto de Deus, ou de Cristo. A in-dependência está assegurada na segurança da comum Graça enviada diariamente – sol e chuva, alimentos e “perdão”, ops, mas essa benção só deveria vir pela Graça especial - e através de relacionamento de fé, certo? E agora? O fato porém é que já não precisamos mais de perdão relacional e cotidiano diante de Deus posto que alcançamos, via igreja ou teologia mediadora, perdão constante. Basta-nos uma dominical leitura bíblica e rápida oração silenciosa e, paz! Mas, será a de Cristo?
                O apóstolo Paulo, cristão, não existia assim. E sua busca por evangelizar que é bem anunciar aos homens quem é Deus, demonstrava sua dependência e busca constante do Senhor: Orem por mim, diz ele... pra que eu consiga... evangelizar. Que loucura! Pra nós, certamente não para Paulo. Pois, possivelmente, Saulo Paulo está recordando a básica verdade de sua nova vida em Cristo. Nesta, o poder – capacidade de ser e viver, vêm de Deus, o Espírito. Afinal, “Deus é quem efetua em nós tanto o querer como o realizar...” (Fil 2.13). Percebeu?  Explica Eugene Peterson – Essa força vem de Deus, um poder interior, um trabalho do próprio Deus em vocês.
                Não há nenhum justo sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus. Como então, posso eu, querer, e ainda mais, conseguir evangelizar – anunciar Cristo sempre, e naturalmente? A convocação paulina anterior ao anúncio de que é Deus quem nos dá tanto a vontade – o querer, quanto a ação – o realizar, pode ajudar: “Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor.” (Fil 2.13). É preciso, pois, reverencia e respeito a Deus pra desenvolvermos nossa vida nova junto d´Ele. E evangelizar é novidade pra nós - sempre. E novidade de Deus. 
                É preciso trabalhar a nossa salvação. E isto com reverencia e respeito à capacidade que somente vem de Deus, e de seu Reino. Este é um reino e movimento que precisa vir, pois não é nosso, é de Deus. Necessário é, dedicarmo-nos ao relacionamento com Deus, em trabalho e suor na busca pelo Espírito Santo, com sacrifício e lágrimas na adoração em espírito e em verdade (em nosso ser interior). Tudo para que sejamos, então, capazes de experimentar a tão celebrada salvação: nova vida – valores – interesses – vontades. E a compaixão e a coragem pra anunciar Cristo nasce e acontece neste processo - contínuo. É isto, enfim. Mas não o fim.
                Ainda não. Resta o santo versículo 17/18 da sacrossanta carta aos Romanos, capitulo 6: “Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues; e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.”  Uau, servos da justiça, amigos de Deus, ministros da reconciliação, amantes (legítimos) da Boa nova e pregadores costumeiros do evangelho de Jesus, o Cristo! Ensina Eugene Peterson – Mas, graças a Deus, vocês começaram a ouvir um novo Senhor, cujas ordens os deixam livres para viver na liberdade dele. É isto! Agora, estamos ouvindo a Deus. E sua voz é mais forte que toda e qualquer fraqueza e paixão humanas. Enfim, ouvindo Deus, já nos é possível evangelizar.
                 Isto porque Romanos 6.17 nos esclarece a obra de Deus nos cristãos através da Graça, não mais pela Lei. Eis o ensino: "Mas graças a Deus, diz - viestes a obedecer de coração, à forma de doutrina a que fostes entregues." A doutrina que agora seguem "os cristãos" é a do evangelho da graça. Nela, pois, os cristãos obedecem a Deus... com o coração - pelo interior (em espírito e em verdade). Lá dentro, tratando corações e mentes, onde se escreve a nova aliança. E daonde surgirão palavras e pensamentos, sentimentos e interesses capazes de nos fazer, enfim, evangelizar. Eis o relacionamento que revela o justo é o que "vive" pela fé! E até evangeliza também.
                A arte perdida do evangelismo é sua fonte transcendente de água viva - e única: o próprio Deus, sua pessoa e ser, sua presença e poder, sua vida e mover. O Espírito mesmo. Diz Jesus! "Vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em mim." Deus vivifica tudo que há. Até (e especialmente) o evangelismo de sua Igreja. Estamos "perdidos" de Deus, embora cheios de sua teologia, se já não conseguimos - bem e apropriadamente, evangelizar. É um anúncio de salvação, não de juízo. Ainda!

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Evangelismo idolatria adentro!


               Aos cristãos, a convocação é simples: se há idolatria, estejam atentos. Pois, se os cristãos ficarem indiferentes e ausentes dos locais idólatras e distantes dos corações que ignoram o Deus verdadeiro; quem será por eles? Quem falará de Deus Pai? Quem anunciará o Alfa e o Ômega, a origem e o (bom) destino aos homens? Quem terá espírito de moderação, poder e equilíbrio, pra bem evangelizar?
               Portanto, neste bom propósito de anunciar a verdade de Deus aos que pouco dEle conhecem, eis o convite do evangelista Lucas (Atos 17), para seguirmos o apóstolo Paulo em visita à Atenas idólatra do século primeiro. O início desta evangélica excursão turística requer busquemos o centro urbano repleto de deuses, para vê-los tanto em locais públicos e comerciais como ainda em santuários diversos, certo? E por que não um bate papo diário entre os supersticiosos e religiosos múltiplos, a fim de aprofundar as novidades, mesmo que sejamos reconhecidos como tagarelas desocupados que muito falam do que pouco entendem? E quanto a desenvolver um relacionamento cotidiano com os que só desejam a felicidade sensual ou junto dos que acreditam na mãe natureza e num deus que se confunde com a criação? Mas isto não é tudo, pois há o desejo também de conhecer, in loco, não louco, os fiscais de ensino das novas religiosidades, e isto lá no centro de debates alternativos idólatras - o areópago, por que não? Finalmente, por que não falar de Deus Pai citando-o a partir de sua existência conjunta no altar dos doze deuses, aproveitando pra direcionar ao Senhor de Israel os louvores a zeus, conforme cantavam os poetas gregos Epimênides e Arato?
                Mas, eis a questão: será que as más conversações não irão corromper os bons costumes? Em meio a deuses e ídolos, blasfêmias e ignorância, misticismo e espiritismos, como pode o bom cristão sobreviver? Afirmar, afinal, que o deus desconhecido do panteão greco-romano... é Deus Pai? Ou, ainda, que pode até sê-lo? É isto possível e até razoável? Que raciocínio é este que permite e provê uma integração da idolatria dos homens à santa sabedoria de Deus - o evangelho real de Jesus?
               Somente um profundo conhecedor da Graça criadora de Deus poderia viver junto a estas idolatrias e ensinar a partir destas múltiplas religiosidades humanas que, sim, somente Deus é Pai e Juiz! A fim de obter bom aprendizado desde princípio cristão que integra humanas culturas religiosas à revelação do Senhor Jesus, precisamos, inicialmente, bem compreender a calvinista doutrina da Graça Comum. Nesta, não há motivos para negar uma origem una entre tudo que Deus criou e tudo que agora deseja redimir, através do senhorio de Cristo entre os homens. Como recorda Knudsen: "(...) para Calvino, diferentemente do que ocorria com outros líderes da Reforma, não existe dicotomia básica entre o Evangelho e o mundo, entre o Evangelho e a cultura...” (K, Robert: o Calvinismo como uma força cultural, ed cultura cristã).
                Ou seja, o mundo dos homens nem se encontra já condenado - pois ainda não estamos no inferno; como, principalmente, não é a cultura humana uma virtude que originou do pecado. Ao contrário, nascemos todos de Deus. Por isso, afirmar que a busca do religioso e as construções humanas de relacionamento místico, tem base original e portanto, compreensão crucial, na Pessoa de Deus Pai - se faz  afirmação básica e consequente à boa compreensão da Graça Comum. Pois a capacidade do homem de empreender artes e conhecimento, ainda que em direções contrárias a Deus, não deixa de ser um dom comunitário divino à humanidade, desde sempre.
                Eis o princípio doutrinário que direciona um evangelismo natural e espontâneo, o qual vemos diversamente na bíblia e observamos didaticamente exposto pelo apóstolo Paulo, ao notar seu raciocínio que desenvolve a verdade de ser toda criação e cultura humana originárias, certamente, de Deus Pai. O apóstolo não enxergava artes religiosas ou filosofias gregas somente como “pontos de contato”, a fim de agir com esperteza humana no propósito de bem aproveitar as oportunidades surgidas. Não mesmo. Paulo sabia e declarava com autoridade que aqueles homens esculpiam e pensavam, desejavam conhecer e também cantavam, porque Deus para isto, um dia os criou – e capacitou, “pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos”, confirmou ele, afinal. 
               Igualmente, enquanto doutrina que reconhece a origem de tudo na Criação de Deus, também observamos a Graça comum orientar o bom propósito de tudo a partir da redenção que há no Senhor Jesus. Assim esclarece Knudsen (p 14) quando expõe o entendimento calvinista:  “ (...) ao mesmo tempo, ele (Calvino) não aceitava simplesmente, sem critica, as realizações do gênio humano. Sua atitude exigia que tais realizações fossem analisadas quanto às razões que as inspiravam, pois deviam estar sujeitas aos preceitos de Cristo.” E nesta busca de propósito que somente a redenção divina promete e provê, partiu Paulo a esclarecer aos estoicos que o Deus de Israel não era mãe natureza, mas sim, o Criador de tudo que existe. Também anunciou, e prontamente, tanto aos estoicos que concebiam um deus criador e ora ocioso, quanto aos epicureus que viam a vida e destino enquanto obra do acaso, que Deus Pai mesmo planejou e agora governa os tempos e lugares da existência de toda humanidade, a fim de que, em tempo oportuno, sejam por Jesus encontrados, “bem que não está longe de cada um de nós”. E conforme a pastoral tradução bíblica de Eugene Peterson: “o desconhecido é agora conhecido e está pedindo uma mudança radical de vida. Ele estabeleceu um dia em que toda a raça humana será julgada, e tudo será acertado. Também já indicou o juiz, confirmando-o diante de todos quando o ressuscitou dos mortos.” (Atos 17.31)
                Portanto, ao observar no evangelismo ministrado por Paulo e aprender da doutrina calvinista Graça comum princípios salvíficos da relação entre mundo criado e mundo redimido, reconhecemos em consequência, que: todos os homens criados por Deus e suas culturas pelo Senhor disponibilizadas jamais serão redimidos de seus fúteis caminhos, enquanto os religiosos de Israel tão somente condenarem seus enganos e degenerações. A salvação invés de condenação exige postura distinta ao anúncio objetivo e ríspido/rápido de que os homens são blasfemos e idólatras, somente.
               É preciso reconhecer que culturas e corações, atos e valores, mesmo que desgarrados de Deus, também d´Ele surgiram enquanto possibilidade e potencia. Esta verdade acerca de toda vida que há na terra é fundamento, tanto de absoluta humildade a todos os homens, quanto de um evangelismo eficaz, posto que redimir é retornar à origem e essência - portanto, à presença e vontade de Deus Senhor. Foi este o evangelismo de Deus Pai enviando Jesus ao planeta dos homens e igualmente o evangelismo do apóstolo Paulo visitando Atenas da Grécia. E isto João Calvino percebeu, tanto que a complexa, mas consequente doutrina da Graça Comum, ele concebeu. Daí a convocação: Evangelismo é idolatria adentro!

               

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Ser Cristão - Cidadãos cristãos ou Cristãos cidadãos



                Cidadania é o valor de inclusão do ser humano na coletividade de que faz parte, a fim de que assuma deveres comuns de cuidado e progresso moral da vida de seus iguais. Essencialmente é atuação política, pois direcionada ao bem comum construído a partir da sociedade organizada, e por isso, orienta o homem a agir enquanto cidadão nacional dentro do estado organizado. Ainda, podemos agregar à expressão “cidadania” toda e qualquer vivencia responsável do homem enquanto ser deste mundo.
                Neste amplo reconhecimento do homem como cidadão do planeta e ser moral responsável perante toda criação , olha-se a cidadania como dever moral em todo e qualquer papel relacional que temos na sociedade humana desde que nascemos. Seja inicialmente como filhos ou irmãos, e futuramente como pais, sem esquecer as básicas relações sociais escolares e parentais, a cidadania de todos nós requer o entendimento e necessidade de nossa atuação moral em toda e qualquer experiência social que constrói a sociedade dos humanos.
                Mas, e os cristãos? Qual sua cidadania primeira? A quem respondem eles moralmente em primeiro lugar – a Cristo ou aos homens? São eles, ou nós, Cidadãos cristãos ou Cristãos cidadãos?  Posto que Cristo não trouxe somente paz, mas igualmente espada ao mundo, é fundamental perceber se amamos mais a nossos pais e filhos do que a Ele, Jesus. Pois se assim for, dEle já não somos mais dignos. Ou, como bem maravilhosamente ensina Eugene Peterson: “Se me rejeitarem por preferirem o pai ou a mãe, vocês não me merecem. Se forem mais dedicados ao filho ou à filha que a mim, vocês não me merecem.” (Mateus 10.37)
                O marido cristão precisa dar o máximo de amor à esposa. A esposa cristã precisa entender e apoiar integralmente seu marido. Os filhos cristãos precisam fazer tudo que seus pais mandarem. Amém! Mas, enquanto se amam e respeitam, dão e recebem obediência, os humanos maridos e esposas, e ainda os filhos, precisam analisar qual é o valor primeiro de sua cidadania atual. Daí a reflexão: Cidadãos cristãos, já que a obediência a Cristo é determinada pelo papel moral social familiar, seja marido, esposa ou filho? Ou, diferentemente, Cristãos cidadãos, quando a obediência a Cristo abraçar primeiramente o anúncio e missão do Evangelho aos seus queridos, mais gravemente do que o amor e respeito devidos? E agora, José?
                A verdade é que iremos amar e respeitar ainda mais o cônjuge e filhos, irmãos e pais, desde que sejamos para com eles, primeiramente Cristãos e depois e rapidamente cidadãos. A responsabilidade moral do pai pelo filho e da esposa pelo marido, e vice-versa, existe até certa idade e situação – isto é fato. A responsabilidade moral de um cristão para com seu próximo, esteja ele em dificuldades terrenas ou espirituais (salvação)... é eterna!    
                Cristãos são aqueles que superam a (boa) cidadania social pela espiritual, vivendo no mundo perante seus próximos enxergando-os como "perdidos" que precisam de salvação, e não apenas enquanto filhos e pais a quem devemos respeito e (boas) obrigações familiares; seja a educação até a maioridade ou o cuidado e atenção na velhice.
                Mesmo que você venha a desrespeitar a religiosidade de seus pais ou a falta desta em seus filhos, não deixe de anunciar amorosa e sabiamente o Evangelho de Jesus a eles. Pois os cristãos, ora, os Cristãos são cidadãos de Cristo – e não há maior amor e respeito ao mundo, e aos familiares, do que este. Jamais!

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Os Sábios de Israel - As Eleições de Jesus


   A decisão de crer em Jesus como Filho único de Deus não é tarefa simples para nós humanos. Jesus mesmo ensinou que ninguém vai até Ele se Deus Pai não levar. Igualmente, aprendemos que somente aquele que invocar o nome do Filho de Deus irá encontrar salvação e ressurreição – Vida Eterna!
   Discernir e agir em meio aos movimentos de Deus – que nos leva pra Jesus; e assumir nosso particular movimento – crer em Jesus, não é experiência que podemos controlar. Somente, pela Fé, experimentar. Este voto de compromisso com Jesus que nas Igrejas Presbiterianas chamamos Pública Profissão de Fé, não acontece através de documento cartorial. Mas é ato de Adoração a Deus, que aquele que crê vivencia na celebração do Culto quando afirma sua fé no Salvador Jesus perante a comunidade (igreja).
   Esta complexa “eleição” de Jesus como Salvador de nossa existência carrega consigo, então, o voto e declaração daquele que crê – sua Profissão de Fé. Neste momento surge a orientação do Sábio de Israel: “É melhor não fazer voto do que fazer e não cumprir”. (Eclesiastes 5.5)
   Importa bem compreender o voto a fim de que sua obediência seja facilitada, e eficaz. As igrejas evangélicas que surgiram nos últimos 50 anos carregam consigo a ideia de um Jesus vitorioso nas causas terrenas, de sobrevivência e prosperidade do homem. As igrejas evangélicas históricas tem em sua consciência (também) a necessidade do livramento do inferno e suas dores – o que transparece no ensino que convoca pela (rápida) afirmação de Fé naquele que leva os homens ao céu.
   No entanto, o voto ao Messias dado por aquele que crê – a partir do mover divino que o levou pra Jesus; não é compromisso pra junto de Deus realizar prosperidade hoje ou livramento do inferno amanhã.  Ainda que as (boas) consequências de andar com Deus incluam tais propósitos , a declaração de Fé em Jesus não significa uma dedicação à realização destas bênçãos. A Fé em Jesus é um compromisso para Salvação de Pecados!
   A Pública Profissão de Fé e o Batismo na Igreja de Jesus representam a confiança e o compromisso de “ser e pertencer” a Jesus nos dias atuais. E Jesus... é o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. Assim, o voto atual, neste mundo, nesta existência, de todo que crê em Jesus - é uma Profissão de Fé no compromisso de salvação... de pecados. Salvação que acontece no arrependimento e contínuo abandono dos pecados. Salvação que acontece na busca e contínua experiência das virtudes da vida de Jesus.
   As eleições divino-humanas em Jesus são experiências de vida à qual Deus nos chama para livrar-nos de pecados (atos contrários aos mandamentos), a fim de colocar no seu lugar a prática da santidade de Jesus (Sermão do Monte). É este o voto e compromisso, profissão de fé e batismo, declaração de nossa crença em Jesus, enfim, que tem relação com a nossa vida hoje. Prosperidade e livramento do inferno são benesses que pertencem a Deus. A nós pertence o sábio voto de abandonar pecados e adquirir virtudes (do Espírito Santo). Boa eleição!

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Ser Cristão - Fé e Obras



O conflito entre o valor da fé e das obras no Cristianismo somente existe quando meditamos nele fora da Bíblia. Dentro das Escrituras, Fé em Cristo gera Obras cristãs e ambas realizam-se uma na outra. “Abraão, nosso pai na fé, não fez "a obra que Deus queria" quando levou seu filho Isaque ao altar do sacrifício? Não é obvio que fé e obras são inseparáveis"? Não está claro que a fé se expressa nas obras e que as obras são "obras de fé"?" (Tiago 2.21-22)

A Fé Cristã não é intelectual a ponto de sermos crentes a partir do entendimento lógico da obra salvadora de Jesus. A Verdade do Evangelho não ensina que somos salvos pelo fato de bem compreender a doutrina evangélica da Cruz de Cristo. Não adoramos a Deus quando cumprimos ritos e obedecemos regras de nossa denominação. Nossa fé em Cristo não é um conhecimento ou obediência ritual – mas é sim, Comunhão com Deus Pai!

Comunhão é encontro e relacionamento que gera atitude e experiência de vida - nesta vida! Foi assim que Abraão afirmou sua Fé ao vivenciar a experiência paterna para com Isaque a partir da Palavra e junto à Presença de Deus Pai. Quando Abraão se fez homem-pai-servo confiando no ensino bíblico que o desafiava a experimentar o propósito do Senhor, adquiriu a oportunidade de "andar com Deus" naquela situação de sua vida terrena. Abraão, enfim, experimentou um relacionamento vivencial para com Deus, pois creu e buscou a pessoa divina a partir do anúncio bíblico de sua existência perto dos homens. 

São estes os momentos vivenciais entre homens e Deus que permitem ao Senhor anunciar grandemente sua santidade e misericórdia à humanidade. A santidade é a perfeição de seu  caráter e o propósito existencial excelente com que Deus vive, ofertados aos homens enquanto possibilidade de vida pela bondade e favor divinos. Eis como Deus vai revelando seu caráter e amor aos homens de fé pela vida de um deles: através das obras de fé daquele que crê. 

Os anos de vida de um cristão ou comunidade de cristãos (igreja) são seu particular desafio e oportunidade de “aperfeiçoar” a Fé Cristã – e isto é verdadeiro a qualquer ser humano em qualquer época. Pois o propósito para o qual existimos no planeta enquanto cidadãos cristãos e Igreja de Jesus permanece uno: ser testemunhas da Fé através das Obras... Cristãs! Eis a essência da vida do Corpo de Cristo.

Fé e obras - estas praticando aquela, quando se unem para realizar o convívio  de nossa pessoa com o Espírito de Deus, geram vida cristã, comunhão com Deus - Salvação!   “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens aos quais ele concede o seu favor.” (Lucas 2.14)

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Graça de Jesus - Bem vindos os desgraçados



            O fato de Deus Pai Soberano se relacionar com todos nós – raça humana, através de Jesus Cristo, revela um dilema cruel aos homens, especialmente os religiosos. Trata-se do princípio pelo qual Deus decidiu falar e viver com a humanidade nos dias de hoje – a Graça de Jesus!

           Este princípio e ação pelo qual Deus visita nosso mundo e por aqui nos abençoa, é incompreensível às noções humanoides de justiça e correção – o padrão mor dos religiosos e, também, dos homens de bem. Daí, o paradoxo. Afinal, pra resolver a distorção humana do pecado – imperfeição, que gera rebeldia – maldade, contra Deus – e o próximo, definiu Deus agir amplamente neste nosso humano mundo, pela divina justiça da Graça.
            Certamente, este padrão de relacionamento que trata os dilemas morais entre o Deus Santo e a humanidade imperfeita, aproximando uns ao Outro, através da misericórdia constante e recomeços diários – permanece uma (sábia) loucura. Mas vale a reflexão.
            Pense nisto: Quem você escolhe: Um adúltero assassino ou um enganador usurpador? Um perseguidor dos cristãos ou um traidor do Messias? E então, qual deles é menos ruim, a fim de que Deus nele atue com especial justiça e compreensão.
Meditando além: quem é teu padrão de seguidor de Deus: O Rei de Israel ou um Patriarca da Fé? O Missionário mor do Cristianismo ou o Líder dos Apóstolos do Senhor? Afinal, em qual deles você se espelharia na busca de orientação para tua vivência cristã: Davi ou Jacó? Paulo ou Pedro?
            O adúltero assassino é o mesmo Davi, maior rei de Israel. O patriarca Jacó é o enganador e ladrão de bênçãos familiares. Paulo é o padrão de missionário cristão, conquanto fora também feroz perseguidor do evangelho. Pedro traiu Jesus, o Cristo, três vezes.
            O arrependimento dos pecados não reverteu a situação – Jacó enganou Esaú e tomou-lhe a primogenitura e a benção paterna. Davi matou Urias e permaneceu casado com a mulher deste, Bate Seba. Paulo organizava perseguições e aprovou a morte de Estevão, que permaneceu falecido. Pedro deixou Jesus só e o Messias sofreu sozinho naquela noite. Todos os pecados cometidos permaneceram sem solução e tratamento em suas consequências – pra sempre.
            Mas Deus perdoou os grandes pecadores – arrependidos, pra sempre, também. E fez deles líderes de seu Povo e Igreja. Quando abandonaram a rebeldia para com Deus e creram em bem seguir os passos d´Ele, ganharam nova chance (e vida). Por quê? Porque os humanos são salvos pela graça, por meio da fé em Jesus; e isto não vem de nós, é dom de Deus. Não é por obras – capacidade e padrão de justiça terrenos, a fim de que, por aqui, ninguém se glorie. Eis, enfim, a Justiça de Deus que resolve os problemas dos homens – ou, tira o pecado do mundo. A Graça de Deus.

          

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Os Sábios de Israel - O Sentido da Vida

O sentido da vida segundo os Sábios de Israel... é que a vida não tem sentido!
Se nossa busca de sentido pra vida for a definição de uma direção por onde ir, descobriremos que não há novos destinos a seguir por ninguém ainda andados. E a limitação do tempo e da morte permanecem em todos estes caminhos já trilhados.
Se procuramos um conhecimento novo ou criativa interpretação do que já se disse, percebemos - de verdade, que não há nada de novo sendo dito que já não o foi antes. E nisto perceber, já sabemos que a exisência humana permanece limitada. E ao buscar lugares diversos a fim de melhor satisfazer esta nossa ansiedade existencial, saberemos que as geografias do mundo - céu e terra, geram surpresa e sossego, assombro e adrenalina, mas, certamente, não nos livram de um dia que finda e de uma história de vida que irá se acabar, sim.E toda conquista personal ou material, reconhecimento e obras, não conseguem também, resolver o drama distante - mas próximo do fim, do além, enfim.
Uma vida humana sem sentido é percebível ainda, posto que nossas conquistas ficarão para quem delas enganoso ou mau uso fará. Os lugares visitados trarão transformações somente situacionais e incapazes de em nós permanecer ao dali sairmos. A direção definida de nosso viver certamente trará coerência e conquistas, mas não significa que o vivenciado e alcançado irá permanecer e definitivas respostas à vida trazer.  E finalmente, o conhecimento que parece novo já foi melhor descrito em tempos outros, naqueles em que a época e a mente dos homens melhor se dedicavam aos exercícios mentais.
O sentido da vida é que a vida não tem sentido, ponto.
Porém, portanto e todavia. Os sábios de Israel não são mal humorados. Apenas realistas.
Mas uma resposta ou proposta de existência satisfatória e interessante, pra todos nós, os sábios também tem!
O sentido da vida não é uma direção pra vida ou o que nela se conquista. Não é um conhecimento fundamental nem mesmo os melhores lugares da terra pra estar.
O sentido da vida é simplesmente... o jeito como a vivemos. A maneira como vivenciamos nossas vidas e história, momento a momento, existindo então, dia a dia, e sempre.
Se sabiamente soubermos o jeito de viver a vida, nossa vida não será definida pelas direções em que iremos, até porque serão muitas. Nem pelas conquistas e perdas que teremos, pois ambas haveremos de ter. Nem ainda todo conhecimento aprendido e até apreendido, cada qual com seu valor e hora - somente isto, irá tentar definir, ou pior, satisfazer nosso viver. Também, nem ainda lugares (incríveis) e sensações (até sensacionais) neles vividos, saudosas e rápidas como o sol da tarde - que cai mesmo; nos permitirão sentido pra vida, somente algum sentir, nada mais, certamente.
Mas... ao descobrir um jeito de "como" viver a vida, o jeito de bem vive-la mesmo - inteira e em qualquer situação: tornaremos toda nossa existencia em um tempo com sentido. Pois vamos aprender a "ser" em toda situação e lugar, escolha e decisão, derrota e vitória e, junto de qualquer pessoa.
É somente experimentando a vida toda que temos na pessoa verdadeira que há em nós - e somos, que começamos finalmente a perceber sentido pra vida. Vida que muitas vezes nós só respiramos.
Sabendo que o sentido da vida não está em seu sentido, mas sim no jeito que se vive, a sabedoria final e completa dos Sábios de Israel... é Cristo! Por que?
Pois ninguém viveu a vida humana tão satisfatória e amplamente como Jesus, o Cristo.
E aí, o sentido da vida agora passa a ser uma pessoa - aquela que viveu a vida sempre com sentido. Faz sentido!
Jesus experimentou uma satisfação e uma realidade existencial tão fortes no seu jeito de viver a vida... que a vida dEle continuou após a morte. E viver assim. E pra sempre - eis, definitivamente, o sentido da vida.
Você já viveu algo que te colocou na eternidade?
Ou você apenas pensa na eternidade... enquanto ideal ou poesia?
Lembre-se: o sentido da vida é o jeito de (bem) vive-la. Tão real e fortemente, que se enxerga a eternidade.
E aí, Jesus é... o caminho, a verdade e a vida.
Pois, afinal, ninguém vai a Deus Pai - pra viver pra sempre lá com Ele, se não por "Ele". Abraços.

Ser Cristão - A Hora do Inferno




A Hora do Inferno

Uma das maiores audiências do cinema tem sido a série “Hora do Pesadelo”, com diversos capítulos e reprises. Mas nem mesmo o filme “Titanic” alcança maior bilheteria do que “A Hora do Inferno”. Não mesmo. Afinal, analisar e condenar os pecados uns dos outros é comumente o “filme” predileto da humanidade desde que o mundo é mundo. Enviar alguém ao Inferno ou ao Juízo divino – o que dá na mesma, após cuidadosa ou rápida avaliação dos pecados do cidadão; é hábito comum dos habitantes deste interessante planeta desde sempre. Por isso mesmo, “A Hora do Inferno” ganha disparado a preferência dos humanos enquanto filme e seriado. Haja audiência.
Mas o promotor primeiro e acusador superior dos homens, o anjo Maligno Satanás, ensinou até seus discípulos angelicais a pedir misericórdia a Jesus a fim de que não fossem – antes da hora, enviados eles mesmos ao inferno (Lucas 8. 30 -33). Misericórdia em tempo oportuno, porém, é o que Satanás e os homens não oferecem à humanidade em geral – a Condenação aos pecados e o Juízo rápido são o pensamento e palavra primeiros dos Demônios e dos Religiosos, sempre.
Jesus, porém - sempre ele, não agiu assim! Quando observou seus discípulos com olhar religioso definir os galileus sacrificados como pecadores maiores entre o povo da Galiléia – já que sofrendo desgraça maior que a comum aos homens; foi direto em bem revelar-lhes o erro: “Vocês pensam que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros, por terem sofrido dessa maneira? Eu lhes digo que não! Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão.” (Lucas 13.2-3). O Salvador dos homens rapidamente ofereceu a perspectiva de Deus Pai na mensagem do Evangelho  quando deparou com os homens analisando uns aos outros em seus pecados: todos são pecadores e iguais, e por isso mesmo, todos necessitam igualmente se arrepender... a fim de que sejam salvos – eis a palavra de Deus a todos os homens pecadores. Ponto final!
Jesus contou ainda a parábola da figueira anunciando igualmente Sua missão e a de seus seguidores (Lucas 13.6-9): a árvore sem fruto já deveria ser cortada, mas, eis o tempo da misericórdia de Deus que já chegou e, assim, um bom viticultor – ou cristão, irá cavar ao redor e adubar bastante a figueira a fim de que se regenere a planta e seja salvo o cidadão. Deixa o inferno pra depois. Agora, é "A Hora do Evangelho". Anuncie e assista. Aleluia!

Cristianismo e Cultura - Rock´n roll

A Graça Comum de Deus é importante doutrina cristã que tomou forma e bem se desenvolveu conforme o pensamento de João Calvino.
Ao reconhecer a origem do homem e de todo seu potencial a partir da Ação Criadora de Deus, e o desenrolar da vida humana ocorrendo debaixo da Soberana vontade divina; percebeu João Calvino que o que honra e dignifica ao Senhor não é somente o que está conforme a Graça Especial do Evangelho de Jesus, nem necessariamente o que está conforme as orientações religiosas. Deus é honrado e dignificado como Criador e Senhor quando o ser humano usa seu potencial de dons e talentos a fim de organizar e enriquecer a  sociedade dos homens - projeto e propósito de Deus na Criação do mundo dos humanos. 
Desta forma, a cultura humana não surge do potencial do homem pecaminoso, mas sim, tem origem exatamente quando o homem foi por Deus criado e se organiza a partir dos dons e talentos ali aos humanos doados - um favor divino e por isso, Graça Comum de Deus aos homens.
A partir deste entendimento, Calvino libertou os dons dos homens para a formação da vida social da humanidade, livrando-os das regras da religião, seja da religião romana, seja da religião anabatista ou da religião puritana - que sempre buscaram tutelar a cultura. 
João Calvino, porém, advindo o Evangelho, percebeu que era tempo de não mais tutelar a cultura, mas sim, liberta-la aos propósitos soberanos de Deus - seja da Graça Comum para riqueza da vida social, seja da Graça Especial para iluminação espiritual da alma do homem. Pois o relacionamento com Deus em Jesus e no governo do Espírito Santo permite e provê uma liberdade de adoração e temor maduros do homem para com o Senhor. 
E a música e seus ritmos e tons é exatamente fruto da cultura humana, e que deverá servir tanto para enriquecer a Graça Especial, como também se faz digno e honrado quando alegra a festividade do homem comum em seu cotidiano social. Pois Deus assim nos provê e governa. Ainda que possamos debater e refletir acerca do uso e propósito do ritmo Rock para a Adoração e Louvor no Culto orientado ao Evangelho do Senhor; não podemos desprezar este ritmo enquanto boa obra da cultura humana. Importando reconhecer que, ao servir-se de letras e valores cristãos em seu uso, adquire o ritmo "rock" ainda maior valor. Afinal, todo som e melodia comuns à humanidade e que nada comunicam do Cristianismo, já se fazem ação cultural digna para com Deus. Quanto mais, então, um bom ritmo envolto em letras da Graça Especial assim o será. Abraços.