domingo, 7 de outubro de 2012

História e Eclesiologia - Reformar é necessário!


                Outubro é o mês da Reforma Protestante. Todos os cristãos evangélicos e suas denominações encontram origens ou influências fundamentais de sua organização neste movimento do Cristianismo. No dia 31 de outubro de 1517 o monge católico Martinho Lutero apresentou à aldeia alemã de Wittenberg suas noventa e cinco (95) teses, contrárias às indulgências que a Igreja Católica ministrava, e vendia, prometendo perdão de pecados e terrenos no Céu. A Igreja Católica Romana não aceitou as considerações do teólogo e houve necessidade do surgimento de nova igreja que, na Alemanha, assumiu-se como igreja Luterana.
                Na vizinha Suiça e a partir da liderança de Úlrico Zuínglio moveu-se a partir da cidade de Zurique o desenvolvimento do que ficou conhecido como Segunda Reforma, cujo propósito avançou os ideais inicias luteranos de uma reforma parcial para o princípio que determinava a reforma completa da Igreja cristã. Os grupos que iriam se denominar de reformados somente iriam assumir práticas e ensinos que a Bíblia objetivamente determinasse enquanto valor e doutrina cristãos.
                João Calvino revelou-se o líder e teólogo profundo e amplo que a nova Igreja requeria a fim de que suas fundações teológicas propiciassem base e rumo aos novos tempos que o horizonte de Deus governava à Igreja de Cristo na terra. A partir de 1532 e até sua morte em 1564, o teólogo mor da Reforma Protestante escreveu as Institutas da Fé Cristã e promoveu na cidade de Genebra uma experiência cristã na sociedade poucas vezes experimentada. Organizou também a Universidade de Genebra que se tornou em celeiro de líderes, a partir da formação teológica ministrada aos cristãos do novo movimento que de toda Europa buscavam nos pensamentos de Calvino essência e vivência à edificação da nascente Igreja Reformada.
                A Igreja Protestante em seu movimento reformado avançou pela França e Alemanha, leste europeu e Ilhas Britânicas. A chegada da igreja reformada ao Reino Unido fez nascer a Igreja Presbiteriana, exatamente quando os reformados escoceses promoveram uma administração da igreja cuja liderança faz-se de representantes das congregações, os presbíteros, daí surgindo o nome igreja presbiteriana. John Knox tornou-se o líder reformado desta presbiteriana organização eclesial, exatamente após concluir estudos teológicos em Genebra junto a João Calvino.  Igualmente na Inglaterra, o movimento dos puritanos desenvolvia princípios reformados em meio a situações históricas de grande tensão junto à Coroa inglesa.
                A Igreja Protestante, de pensamento reformado, com organização eclesial presbiteriana tomará forma nos Estados Unidos da América através dos escoceses-irlandeses, que adentrarão localidades diversas, e, no que historicamente importa à Igreja Presbiteriana do Brasil, na cidade da Pensylvania.  Isto porque dela virá, em 1859 o Reverendo Ashbel Green Simonton, missionário fundador da Igreja Presbiteriana do Brasil, após envio ao nosso país pela Junta de Missões Estrangeiras da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos. Eis parte essencial da história da Reforma Protestante e igualmente da inserção da Igreja Presbiteriana na mesma. 
                Hoje, próximos de celebrar 500 anos da Reforma Protestante (ano 2017), todas as igrejas evangélicas e especialmente a calvinista Igreja Presbiteriana do Brasil, precisam recordar e semear o desejo e princípio inspirador das lideranças reformadas de cinco (5) séculos atrás. Trata-se do nobre valor observado nos crentes de Beréia, livro de Atos capítulo dezessete (17), que a cada ensino ministrado pelo Apóstolo Paulo, examinavam “as Escrituras para ver se tudo era assim mesmo”. Valor que às igrejas reconhecidas ao movimento da Reforma se fez lema eclesial através da purificadora frase: “Uma igreja reformada sempre se reformando”. Ou, como dizia João Calvino, reformar é necessário. E sempre e fundamentalmente, a partir da Palavra única de Deus, Bíblia. 
                Neste sentido, voltamo-nos à Bíblia e encontramos a celebrada Igreja de Colossos, a fim de assumi-la como projeto de Igreja Cristã digna de nos conduzir no lema "igreja reformada sempre se reformando". Nesta inspirada carta devemos nos examinar, como bereanos nobres que sempre nos reformando seremos, a fim de perceber a razão da gratidão de Paulo a Deus pela vivência comunitária dos colossenses. Tal análise nos dará bom padrão divino eclesial e irá nos prover virtudes e vivências coerentes à vontade de Deus Pai e ao senhorio do Jesus para a edificação da Noiva do Senhor. 
                No capítulo primeiro aprende-se que os cristãos precisam crescer na Fé em Jesus e no Amor pelos irmãos da Igreja, e isto em razão da esperança a eles reservada nos céus. Esperança que é promessa do Evangelho, este que, muito fruto dá quando as pessoas ouvem e compreendem a verdadeira Graça de Deus nele ministrada.
No capítulo dois (2) descobrimos que é preciso bem conhecer o mistério de Deus, Cristo, a fim de conseguir experimentar esta nova maneira de existir hoje que tem Jesus por modelo e padrão, pois nele habita toda a plenitude de Deus destinada à humanidade. Ele é o Cabeça pensante e a liderança principal da Igreja de Deus Pai. 
 O capítulo terceiro inicia pelo desafio aos cristãos para que vivam em seu cotidiano pela fé. Fé que os convoca a viver não por seus particulares padrões, mas sim, buscando o estilo de vida dos céus que vimos em Cristo, com sentimentos diversos pra vivenciarmos uns aos outros: compaixão e bondade, humildade, mansidão e paciência; e o desejo de suportar uns aos outros perdoando continuamente assim como nos faz Jesus.
No quarto e último capítulo, Paulo descreve incrível experiência e especial ferramenta da fé cristã. Oração e mais oração, diz ele. Devemos orar por oportunidades pra falar de Cristo e orar para que os cristãos aqui e em missão distante tenham liberdade de anunciar o Evangelho. E que sejamos, enfim e sempre, sábios em declarar uma palavra agradável e temperada, a fim de levar o sabor do evangelho onde estivermos.
Portanto, cristãos protestantes evangélicos, eis um programa eclesial à igreja que deve ser por padrão analítico de nossa vivência enquanto Igreja Reformada - sempre se reformando, neste início do século 21. As experiências de Fé e Amor que são a razão de gratidão a Deus pelo líder Saulo precisam, enquanto observação da vida congregacional dos colossenses, tornar-se igualmente o nosso fim e meio – alvo e vivência, enquanto existência denominacional organizada como Corpo de Cristo hoje. Não se pode desprezar o valor nobre dos cristãos de Beréia ou o lema mor dos Protestantes de sempre, deixando assim de avaliar à luz da Bíblia o que somos e esperamos enquanto Igreja Cristã nesta época ímpar do Cristianismo. O resultado e risco é tanto a experiência de desaparecer como a igreja cristã da Europa ou muito enfraquecer igualmente ao cristianismo norte-americano atual.
Finalizando, enquanto os quinhentos (500) anos da Reforma Protestante se avizinham, surge igualmente no horizonte a força de valores convencionais religiosos se consolidarem como regra de fé e prática – assim como os ensinos e práticas que desorientaram o Cristianismo europeu e estado-unidense. Porém, a solução está próxima e perto. Os cristãos de Beréia e também os líderes da Reforma apontam-na decisivamente: a Palavra de Deus precisa ser o Programa e Projeto das verdadeiras Igrejas de Jesus Cristo! E isto, de segunda-f à segunda-feira. Não há razão para reuniões e atividades, ensinos e práticas, que não aqueles que produzam no meio do Corpo de Cristo somente as virtudes essenciais da Igreja de Jesus. Que Igreja é esta? Quais suas atividades semanais e dominicais? Ao tema iremos, pois. Paz de Cristo.

Fontes de pesquisa:
 (site da IPB - história da Igreja Presbiteriana, texto do historiador, Rev. Alderi Souza de Matos)
(site – berearepreciso.blogspot.com )

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